O POEMA

O POEMA

O Poema
 
"A poesia é o instrumento mais generoso para eliminar a solidão, a indiferença, o desencanto, o cinismo e a discriminação - Lindolf Bell". A solidão vale como espaço para refletir em profundidade sobre nosso destino comum e a ausência de solidariedade que desequilibra o sistema social, acentua privilégios e exclusões. Se o poema, muitas vezes, amadurece sem terras, em solidão, sua existência (resistência) se justifica, para lembrar que o ser humano mais uma vez não é ilha, mas partilha.
 
Poema no Peito
 
Para aproximar a poesia do coração, surgiu a ideia de escrever poemas em camisetas, os Corpoemas. Longe de apenas fazer propaganda de um jeito de ser, o poema, desta forma, sintetizava os desejos de uma geração que desconfiava de quem tinha mais de trinta anos. 
 
Ter uma camiseta-poema era também uma forma silenciosa e eloquente de contestar, de expressar o descontentamento com um mundo cheio de desamor. Com o sucesso das camisetas, surgiram outras propostas, levando a poesia para cartazes, posters, outdoors, entre tantas outras plataformas que Bell utilizava para eternizar seus versos.
 
A Praça do Poema
 
Embalado pelos ventos da mudança, o poema contagiou ainda mais os poetas. Em 1982, na cidade de Blumenau foi criada a Praça do Poema, reunindo trabalhos de poetas catarinenses. Após transcrever em pedra os sentimentos de alguns poetas, a Praça do Poema serviu de inspiração para obras semelhantes em todo Brasil. 
 
A praça também representou o encerramento de mais um dos ciclos gerados pela Catequese Poética, fazendo com que o poema tocasse e se corporificasse. Hoje é um marco que lembra as almas distraídas e deixa a semente dos poemas soltos ao vento.
 
Poema Sem Limites
 
O poeta Lindolf Bell teve a influência do homem comum, principalmente da sua maneira de caminhar em direção a algum lugar ou lugar nenhum. As expressões de surpresa, contentamento, dor ou exultação contagiavam também o poeta, que falava para pessoas anônimas coisas profundas de um modo simples, surgindo assim alternativas para uma maior divulgação da arte na sociedade. 
 
Libertando sua tensão, exigia do leitor ou ouvinte a renúncia à indolência mental e emocional, aos conceitos e preconceitos, fazendo com que o universo, o homem e a beleza saíssem do local onde se encontravam encalhados. 
 
Bell propunha um universo visto de novos ângulos, com imagens imantadas de inquietação, descobertas e construídas fora dos esquemas cotidianos das palavras, da emoção, da razão e da sensibilidade. 
 
Buscava adquirir foros de existência real, ou seja, sem lugar, nem tempos para a poesia. Feito o poema, Bell leva-o, uma forma de contribuir à vida e à cultura. Seu canto e seu grito.
 
A influência dessa visão da vida é notável nos escritos do poeta, fluindo como as nascentes dos sempre evocados rios Itajaí e Benedito (tratava em suas falas e memoráveis declamações públicas). Era comum o poeta apresentar-se aos amigos, em sua residência em Timbó, sentindo-se ligado a sua terra,   na Rua Quintino Boicaiúva em Timbó (Casa do Poeta). O poeta sentia-se assim, ligado à sua terra, como um fruto que nasce para enobrecer o solo que surgiu.